Fundações e Estruturas
Por Eng. Carolina Paese, 14 de setembro de 2017.
Os efeitos da movimentação de terra dependem das fundações existentes nas proximidades e da sensibilidade aos recalques das estruturas próximas (MILITITSKY et al., 2015). A NBR 7.678:1983 afirma que “devem ser tomadas medidas preventivas, tais como escoramento, contraventamento, reforços de fundações, sempre que as escavações possam vir a ameaçar a estabilidade das estruturas vizinhas”.
Até 2013 a NBR 9.061:1985 (Segurança de escavação a céu aberto – Procedimento) regulamentava as proteções das escavações e os tipos mais comuns de escavação. Nesta, como requisito mínimo, era preciso “levantamento das edificações vizinhas (tipo de fundações, cotas de assentamento das fundações, distância à borda da escavação) e das redes de utilidades públicas”. Esse tinha como a finalidade do estudo de deslocabilidades e deformabilidades provocadas pela escavação, abrangendo uma faixa, em relação as bordas, de pelo menos o dobro da maior profundidade atingida na escavação. Estes deslocamentos devem ser monitorados por métodos de alta precisão durante todo o período de escavação e durante a retirada dos tirantes, caso seja necessário.
Segundo More (2003), a tendência de uma cortina é: “mover-se para o interior da escavação, induzindo recalque do solo junto à superfície do terreno. A protensão da primeira linha de tirantes pressiona, porém, a cortina contra as paredes da escavação, fixando-a no ponto de ancoragem. Com o avanço da escavação, a estrutura tende a girar ao redor da primeira linha de ancoragem, causando deslocamentos laterais no novo nível de escavação que, por sua vez, serão novamente restringidos pela aplicação da protensão na próxima linha de ancoragem”.
Dessa forma, a cortina se movimenta à medida que a escavação prossegue, formando uma combinação de movimentos de rotação e de translação, influenciados por diversos fatores. As escavações tendem a desestabilizar o maciço, influenciando uma região relativamente próxima (REBELLO, 2008).
Segundo Rebello (2008), a deformação por escoamento lateral “acontece com maior predominância em solos não coesivos”, sendo que a dissipação do solo das regiões mais requisitadas para as menos requisitadas. A deformação por adensamento é decorrente da “diminuição do volume aparente do maciço de solo, causada pelo fechamento dos vazios deixados pela água intersticial expulsa pela pressão que as cargas exercem sobre a fundação”. Esta é a deformação é a mais comum dos recalques das fundações.
A NBR 7.678:1983 apresenta que “quando houver necessidade de rebaixamento do lençol freático para execução de escavações, deve ser investigada a possibilidade de serem ocasionados recalques às construções vizinhas. Se for verificada tal possibilidade, deve ser evitado o rebaixamento e adotada outra solução”. Segundo Silva (1993), o rebaixamento do lençol freático pode tornar o solo parcialmente saturado, gerando acumulo da tensão superficial da água, resultando em retração do solo. Gerando, dessa forma, recalque adicional.
Quando há a superposição de tensões em fundações superficiais, o bulbo de pressões combinado pode gerar uma inclinação na estrutura de forma geral. Essa superposição de pressões pode também gerar recalques adicionais não previstos na edificação antiga, causando a instabilidade das fundações (MILITITSKY et al., 2015).